segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Decida rápido

A gente aprende todo dia. Aprende com a natureza, com os fatos do dia a dia e com tudo aquilo que se vê ou sente. O nosso corpo nos ensina muitas coisas.
O salmo 139 declara: “Eu te agradeço, visto que por modo assombrosamente maravilhoso me formaste; tu teceste o meu interior; tu me conheces a substancia ainda informe”
Por exercer a profissão de médico, a cada dia descubro que sei muito pouco sobre esse complexo tecnológico perfeito que é o corpo humano.
Então decida rápido: Se alguém está segurando um objeto com a mão e este escapole em direção ao seu pé. O que você faz? Retira o pé ou deixa o pé? A decisão precisa ser rápida. Não teremos tempo suficiente para fazer uma análise detalhada do peso, densidade, poder de atrito do objeto ou se há espinhos ou substancia cortante.
O nosso corpo é realmente maravilhoso. Se quiser falar um pouco sobre o que ele tem de excelente não caberia em milhares de livros. Vou descrever aqui alguns aspectos fantásticos dessa imensa criação de Deus.
Você já percebeu a importância de se ter uma bexiga. Um reservatório final do aparelho urinário. É ótimo ter um reservatório para a urina e de vez em quando o meu corpo mesmo me ajuda a lembrar que já é hora de esvaziar.
Quando vimos alguém em que este aparelho não funciona corretamente sabemos o transtorno que dá e só assim valorizamos o que em nós funciona bem.
Outra sensação interessante do nosso organismo é a fome. Esse forte instinto que nos leva a procurar alimento. A fome no mundo não é um problema e sim a falta de comida ou a não distribuição igualitária de alimentos. Fome é uma sensação fisiológica, ou seja, normal que leva o ser humano a procurar o alimento com objetivo de manter as atividades inerentes a vida. Há algumas doenças que destroem essa função básica de sobrevivência. Imagina uma pessoa que não sente fome. Será necessário instalar uma sonda no estomago e aplicar o alimento em horários marcados como se fosse remédio, pois aquele apito natural do meio dia já não existe mais.
Agora voltando ao objeto que está caindo no seu pé. É impressionante como o nosso corpo tem a capacidade de fazer essas análises de maneira muito rápida. Nós só pensamos em tirar o pé rapidamente para evitar machucá-lo. Entretanto quando o que está caindo é algo de valor e frágil como um relógio, uma planta ou um álbum de retrato, instintivamente, ao invés de retirar o pé nós deixamos o pé e mais ainda, buscamos o melhor posicionamento para amparar o objeto a ser protegido.
Algumas reações do nosso corpo chamamos de medulares, isto é, só vão até a medula e voltam como uma resposta de repulsa. Por exemplo, quando encostamos o braço em uma panela quente imediatamente puxamos o braço e só algum tempo depois é que vamos enxergar de fato o que aconteceu.
No caso do objeto caindo é mais complexa a história pois a informação precisa ser discriminada de maneira muito mais completa e muito bem analisada para que a solução seja rápida e precisa.
Eu aprendo com corpo humano porque muitas vezes eu tomei decisões rápidas quando podia aproveitar mais tempo para analisar com critério e correr menos risco de errar. Quando estamos diante de um objeto a ser comprado, dentro de uma loja, principalmente em um shopping, o sistema quer que eu decida rápido sem mesmo me deixar fazer algumas perguntas fundamentais:
- Eu realmente preciso desse objeto?
- Estou querendo comprar esse objeto só porque outras pessoas já possuem?
- Se eu preciso realmente, tenho dinheiro suficiente para adquirir sem que isso comprometa o sustento básico de minha família?
- O que aconteceria se eu não comprasse o objeto desejado?
- Que lugar esse objeto ou a minha vontade ocupa na minha lista de prioridades?
Hoje, mais do que nunca, na era das vitrines reais ou virtuais, nós somos tentados pela concupiscência dos olhos. Eu também sou assim. Preciso estar atento para que o “mundo” não seja o ditador da minha lista de prioridades.
Paulo Franco.

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