segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Febre Pesada na Cabeça

Febre pesada na cabeça
Em 2006 resolvi fazer vestibular para Gestão em Marketing estratégico e passei em sétimo lugar na Fundação oswaldo Aranha, mesma escola que me graduei em médicina em 1978.Na disciplina de Psicologia organizacional apresentei um trabalho sob forma de monólogo sobre o texto de Platão: o Mito da Caverna. Eis o Texto:FEBRE PESADA NA CABEÇAPaulo FrancoMeu nome é Manoel Duarte da Silva. Manezinho das Flores, como sou chamado em minha cidade. Eu moro em Florescetuba, uma cidade no interior de Minas Gerais. Hoje eu sou um bem sucedido empresário do ramo da floricultura. Produzimos muitas toneladas de flores por ano e já estamos exportando para os Estados Unidos, Europa, Japão e alguns países da América Latina. Begônias, Bromélias e Hortências são nossa maior produção. Nosso mercado cresce em torno de 06% ao ano e eu não posso reclamar da vida, pois o sucesso literalmente sorriu pra mim. Entretanto, não foi sempre assim. Vou contar pra vocês um pouco da minha história.Até aos dez anos de idade vivi nesta cidade, Florescetuba. Nós éramos pobres com pouca educação. A cidade tinha tradição de produzir flores, mas pairava sobre ela uma tremenda “maldição”: Os antigos diziam que as flores eram produtos da “ternura de Deus” e não podiam ser vendidas sob pena de quem o fizesse teria uma chamada “Febre pesada na cabeça” e morria na mesma hora.Contam que seu Benevides, um senhor que morava na rua lá perto de minha casa, um dia resolveu vender um vaso de flores. Chegou em casa e teve a “Febre pesada na cabeça” e morreu.Dona Idalina, coitada, também vendeu duas rosas. Essa durou uma semana, mas não passou disso. Teve a “Febre pesada na cabeça” e morreu.Com umas estórias desse tipo ninguém ousava vender flores e as mesmas, produzidas em grande quantidade, serviam apenas para enfeitar as nossas casas, dar de presente para a namorada, enfeitar a igreja e o caixão de quem morria.Havia um neguinho, amigo meu, o nome dele era Getulio, a gente chamava ele de Tulinho. Ele capinava a terra comigo e tinha um jeito todo especial de mexer com a enxada para mexer com a terra. O seu jeito de capinar era inconfundível e eficiente.Um dia Tulinho me disse bem baixinho: - Manezinho, eu vou sair dessa cidade e vou vender flores. Vou ser um grande empresário de flores.Eu falei pra ele: - Ta maluco, menino? Você quer morrer com “Febre pesada na cabeça”?O tempo passou e de repente veio a noticia: Tulinho desapareceu de vez. Sumiu e o povo de Florescetuba não falava em outra coisa. Tulinho foi vender flores, deve ter tido a “Febre pesada na cabeça” e morreu por aí num lugar que só Deus sabe onde.Passaram-se muitos anos e um dia apareceu em Florescetuba um homem negro alto de terno branquinho e uma gravata vermelha. Ele foi chegando e todos o olhavam com desconfiança. Chegou perto de mim e disse que era o Getúlio e que era um grande empresário das flores e queria me ensinar a vender flores para vencer na vida. Achei muito estranho e logo pensei que aquele homem queria me enganar. Cheguei a ficar com medo. Aquele não era o Tulinho. O meu amigo não vestia aquele tipo de roupa não falava daquele jeito. Não quis nem conversa com ele. Fiquei com medo de cair naquela conversa e acabar como a dona Idalina.Poucos dias depois, quando estava capinando e preparando a terra para o cultivo das flores, parei um pouco e ouvi um barulho de enxada, aquele ritmo e o jeito inconfundível de capinar. Era Ele, agora com uma roupa surrada igual a minha e eu pude comprovar que era o meu amigo. Larguei minha enxada, cheguei perto dele e dei um forte e carinhoso abraço. A partir daí a minha vida mudou porque deixei de acreditar naquela maldição. Aprendi a cultivar as flores em estufas e hoje com a ajuda de tecnologia de ponta conseguimos exportar para o mundo inteiro.Hoje eu sou um homem bem sucedido, mas todas as vezes que vou falar sobre minha vida eu não posso deixar de falar do meu amigo. Assim como Jesus Cristo que deixou a sua “gloria” e habitou entre nós para, sendo igual a nós, comunicar melhor o seu amor, o meu amigo que já estava com sua vida resolvida, voltou a minha cidade, vestiu uma camisa surrada para que eu compreendesse melhor a sua mensagem.Quero terminar minha fala dizendo a vocês que, nós estamos subindo degraus aqui na faculdade, entretanto assim como é difícil subir, será difícil descer e buscar outros. Às vezes, é preciso se tornar “um igual” para sermos entendidos, mas esta também é a nossa missão. Para terminar eu trouxe da produção fictícia umas flores reais especialmente preparadas para nossa professora em nome de toda turma.Obrigado.

Paulo Franco. Inverno de 2006.

Formatura de Marketing

Discurso de Formatura
Discurso de Formatura da Tuma de Gestão Tecnológica para Marketing estratégico.
Julho de 2008
Ilmo. Sr.

Queridos colegas
Senhoras e Senhores
Peço licença para dividir o meu discurso em duas partes: A primeira será dirigida prioritariamente aos colegas e professores, pois o seu conteúdo é íntimo e pessoal. Possui assuntos que a nós diz respeito de forma muito particular. E depois sim vou me dirigir a todos, sem exceção.

O que aconteceu conosco

Há aproximadamente trinta meses iniciamos um curso que fez grande diferença em nossa vida profissional. Evoluímos com ele. Sofremos com ele. Nos alegramos com ele e agora estamos aqui comemorando mais uma vitória.
Desde os primeiros passos e a familiarização com os termos. Marketing, Benkmarket, brimnstormy. Das definições de Marketing; da Loja da esquina que teve até pipoca; das noções de mercado; de entender a economia com um professor que não parava de andar de um lado para o outro.
Entendemos de forma clara e objetiva como é importante em qualquer atividade profissional a Gestão de pessoas.
Das dificuldades de identificar o tópico frasal e sofrendo para tirar o homem que Platão colocou dentro da caverna. Ele não queria sair de lá de jeito nenhum.

De reclamar com a guria, Tche.
Percebemos também que quando o curso não ia bem, os alunos tinham uma postura adulta para reclamar gerando sempre uma boa relação com a coordenação e ações positivas. O certo é que deixamos uma a postura adulta que os alunos tiveram para reclamar de algumas dificuldades com o curso.
Hoje, trazendo à memória os momentos que tivemos como colegas, há fatos pitorescos para lembrar.
Tivemos um aluno turista que, ao chegar em sala de aula em um dia de prova, reclamou: - Nem me avisaram que era prova.
No meio do curso recebemos uma colega que acabou comprando o único carro que combinava com ela. Ela era e é muito pequenininha e por isso foi chamada carinhosamente de Chaveirinho.
Tivemos um dia de desfile em que o Chuchu mostrou suas pernas e fez um tremendo sucesso.

Quero prestar homenagem a todos os meus colegas. Vocês foram muito importantes para mim. Receberam-me de maneira carinhosa, mesmo sendo de outra geração.
Mas dois alunos eu quero destacar nesta ocasião e eu sei que este momento será de surpresa e de muita emoção.
Quero que vocês aplaudam o aluno:
Edson Alves Junior. No decorrer do curso, você perdeu um dos seus filhos ” e eu, que participei pessoalmente do seu drama, sei que isso teve grande impacto em seu desempenho, mas não o suficiente para fazê-lo desistir. A você Edson, O meu abraço sincero. Você é um vencedor.
Rogério França da Silva. Sua família deve ter orgulho de você. Eu me considero uma pessoa idosa perto de você. Posso ser seu pai. Meus filhos têm a sua idade. E você “ toda vez que entrava na sala de aula “ eu era a primeira pessoa que você cumprimentava, mostrando cordialidade, carinho, simpatia e respeito com os mais velhos. Essa atitude não é comum entre os jovens de hoje. Eu tenho orgulho de ser seu amigo.

Para onde vamos agora.

Que futuro nos espera em um país com imensas dificuldades.
Vamos trabalhar em grandes empresas ou em pequenas e médias. Dessa turma sairão gestores de serviços públicos. Talvez políticos.
Talvez seja essa a maior dificuldade que passa o nosso país. O perfil do político brasileiro é o pior exemplo que temos para mostrar.
Segundo a revista Veja de 2 de julho de 2008 “Hoje, de cada dez parlamentares do Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal), quatro já foram condenados em primeira instancia por delitos graves ou receberam punição dos tribunais de conta”.
Essa estatística mostra que 39% dos deputados e 42% dos senadores estão nessa situação e esse retrato é pior nos estados brasileiros. Segundo a mesma revista, no estado de Goiás, 71% dos Deputados respondem a processos por crimes graves. É, sem dúvida, o campeão das “fichas sujas” entre as Assembléias legislativas do nosso país.
Com esse retrato triste, é urgente que o país identifique sinais claros de que as instituições de ensino tenham como principal desafio formar cidadãos com espírito público e com muita responsabilidade.
Se formos identificar a principal necessidade do nosso país, hoje, aí está. Ética, Ética, Ética. É o que esperamos que os profissionais de Marketing tenham na condução dos destinos do nosso querido Brasil.
Fomos treinados para identificar as necessidades das pessoas. As necessidades dos segmentos de mercado. Fomos treinados para dividir a população em grupos e aprendemos que cada grupo ou mesmo cada pessoa tem necessidades peculiares.
Aprendemos que seremos bem sucedidos se atendermos as necessidades dos clientes. Entender o cliente e as suas expectativas. Essa é a nossa missão.
Identificar as necessidades de uma economia em franca expansão , sabendo que a população da classe C aumentou e que essas pessoas aumentaram o seu poder de compra e muitas empresas estão apontando para elas suas armas de estímulo ao consumo.
Nesse ambiente fica uma pergunta: Quem vai cuidar das nossas necessidades. E nas horas de dificuldades quando o sono faltar e a angústia bater em nossa porta. Quem vai olhar para as nossas necessidades.
Quero trazer a resposta que a Bíblia tem;
Há um relato de Marketing no evangelho de Mateus capítulo 9: 35 e 36:
“E percorria Jesus todas as cidades e povoados, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de enfermidades. Vendo Ele as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não tem pastor”.

Se Marketing é olhar e atender as necessidades, Jesus fez isso como ninguém. Jesus olhou as multidões e viu que as pessoas estavam aflitas e exaustas. Teve compaixão delas.
Será que nós não temos que aprender com o mestre a olhar as reais necessidades do nosso público alvo. Se tivermos compaixão pelo fato das pessoas não possuírem o nosso produto, se temos certeza do verdadeiro valor que ele tem, será que o nosso envolvimento com os projetos não será maior.

Jesus identificou necessidades em três áreas distintas: Ele ensinava – necessidade de educação. Curava – necessidade na área da saúde. Ele anunciava o evangelho – necessidade de informação.
Aí estão três áreas que nosso país está necessitando e muito.

Ele encontrou várias pessoas que precisavam de cura para suas enfermidades, mas encontrou um homem chamado Zaqueu que era fiscal de impostos . Ele tinha muita influencia política e trabalhava de forma completamente desonesta. Não precisava de cura para o seu corpo e sim para a sua alma, para o seu caráter. Nada semelhante aos nossos homens públicos atuais.
Ele foi confortado com as palavras; hoje me convém pousar em tua casa.
O encontro com Jesus o estimulou a mudar a sua postura diante da vida e trilhar um caminho de retidão diante dos homens.
Nesses dois mil anos muita gente tem encontrado nos ensinos de Jesus a chave para a verdadeira vitória na vida.
O que significa vencer na vida.

Respondam honestamente meus senhores. Só pode haver uma resposta O que você quer que o seu filho seja.:

Um homem rico
Um homem de sucesso
Um homem bom

Eu vou contar um segredo para vocês:

A humanidade precisa mais de homens bons do que homens ricos ou homens de sucesso.
Os homens bons fazem mais diferença na sociedade do que homens ricos ou de sucesso.

Eu queria saber da FOA o que significa “Formar para a Vida” ficaria feliz se essa expressão significasse mais formar homens bons do que homens ricos ou de sucesso.

Se nós,” queridos colegas, olharmos para os ensinos de Jesus, “ deixarmos que eles encharquem a nossa mente e nosso coração e não nos desviarmos deles. Eu tenho absoluta certeza:

Professor Jessé. O Senhor está diante de um grupo de pessoas que vai fazer toda diferença na sociedade.

Que Senhor nos abençoe.
Obrigado.
Diário de Tocantins
Segunda feira, 20 de setembro de 2008


PRIMEIRO CONCURSO PÚBLICO PARA CONSELHEIROS BÍBLICOS

“O Governo de Tocantins publica nesta sexta feira o Edital de Concurso Público para Conselheiros Bíblicos”.
A decisão foi tomada pelo governador após constatar, numa pequena comunidade do município de Lagoa da Confusão, a eficiência do Aconselhamento Bíblico na resolução de problemas conjugais e tensões entre vizinhos. Em suma, segundo o Governador, a qualidade de vida das pessoas melhorou substancialmente depois que um grupo de pessoas começou a aconselhar usando a Bíblia.
O concurso vai selecionar inicialmente 420 pessoas, com salário de R$ 7.700,00 (sete mil e setecentos reais), o que provocou uma corrida aos Seminários Teológicos, já que o Concurso exige que os candidatos tenham um diploma de Seminário reconhecido pelo Ministério da Educação e Cultura.
Há rumores de que nos próximos anos a demanda por conselheiros bíblicos irá aumentar em muito e estima-se que haverá necessidade de quadruplicar o numero de Seminários.
A decisão é polemica e já provoca reação de religiões não cristãs, que dizem que o governo não pode optar pelo método de uma religião especifica e que outras religiões também têm eficiência em aconselhar pessoas usando outras literaturas que não a Bíblia. Afirma o sociólogo e professor universitário Jorge Guedes, da Universidade Federal do Tocantins.
Diário de Tocantins 20 de setembro de 2008.”
Estive pensando em como apresentar o livro do meu grande amigo Pastor Gerson Moura Martins e inventei uma estória difícil de ver como verdade. A única verdade nessa estória é o nome do lugar. Existe realmente um município em Tocantins chamado “Lagoa da Confusão”. Fico pensando se com um salário desses as pessoas seriam estimuladas a estudar a Bíblia com seriedade. A outra opção é inventar meios para que homens e mulheres de todas as idades tenham contato direto com fatos e contos altamente relacionados com a Palavra de Deus e os seus ensinos. Falar em contar estórias e falar do Pastor Gerson. Quem faz isso melhor do que ele? Quem, que o conhece, não teve a alegria de sentar ao seu lado e ouvir de sua boca varias estórias engraçadas e edificantes? “Assim contou um sabidinho” é um pouco disso. O Pastor Gerson contando estórias de todas as épocas, reais ou fictícias, entretanto em todas elas você verá a vontade daquele que quer tornar-nos perfeitos e perfeitamente habilitados para toda boa obra.
Eu tenho certeza de que este é apenas o primeiro de uma série de livros que sairão do coração do amado pastor para abençoar nossas vidas.
No amor de Jesus.
Paulo da Silva Franco
Inverno de 2009.

Ele deve ter seguro

Eu vi um homem com o carro enguiçado na estrada e um telefone grudado na orelha. Quando passei por ele pensei rapidamente: Ele deve ter Seguro.
Quando olhei pelo retrovisor e vi o camarada nervoso batendo com a mão no celular comecei a ficar com a consciência pesada. O transito pesado e uma via de mão única em que a decisão de voltar e ajudar o meu próximo ficava cada vez mais distante.
- E se ele não tem o tal Seguro com assistência 24 horas.
- E se o seu telefone é de cartão e está sem crédito.
- E se alguém o espera e precisa dele em uma situação de emergência.
Algumas invenções da vida moderna vieram para facilitar o nosso dia a dia, entretanto elas acabam inviabilizando ações de misericórdia que podem mostrar a face de Cristo para as pessoas que nos rodeiam.
Lembro muito bem no tempo em que meu pai tinha um caminhão “velho” naturalmente. Ele fazia tanto frete de graça para as pessoas. Não tinha uma vez que meu pai passava por outro carro enguiçado que ele não parasse para saber se podia ajudar. Normalmente ajudava porque o meu pai sempre foi muito criativo e entendia um pouco de tudo. Nesse contexto era mais fácil plantar a semente do evangelho de Jesus, pois ele sempre se preocupava em suprir as necessidades dos outros.
Acontece que, tendo um caminhão “velho”, vez por outra, éramos nós quem precisávamos de ajuda, pois o nosso carro, não muito raro é que estava enguiçado.
Aprendi com meu pai a mostrar a misericórdia de Deus em atitudes concretas. Uma vez, já era noite, quando subia uma rua deserta em um bairro aqui de Volta Redonda, avistei, à beira da estrada, um homem totalmente ensangüentado. Fiquei com muito medo e não parei. Entretanto fui diretamente ao Pronto Socorro da cidade e implorei por uma ambulância com urgência. Sendo médico, acompanhei todo o desenrolar da história. Fui ao hospital com o moribundo ajudando nos primeiros atendimentos.
Às vezes sou criticado por parar na estrada para saber se alguém está precisando de ajuda. Com o crescimento da violência urbana estas atitudes não estão isentas de risco.
Com o advento do seguro que dá assistência 24horas, inclusive com reboque, aos poucos eu fui perdendo o costume de parar e mostrar solidariedade com quem está enguiçado na pista.
No mundo moderno cheio de inovações tecnológicas e maneiras interessantes de se conquistar o cliente, principalmente o que tem dinheiro, fica difícil imaginar o Bom Samaritano colocando o homem no seu carro e o levando para a estalagem. Será que o Samaritano não iria chamar um serviço de emergência?
Não. Certamente não. O Samaritano da história representa o próprio Jesus. O Deus encarnado que veio ao mundo e correu riscos dando a sua vida em resgate de muitos.
O que eu e você precisamos lembrar é que nem todos têm o tal seguro 24 horas e muitos precisam de uma mãozinha para chegar ao seu destino. Falar em destino. Será que não tem muita gente aí emperrada em relação ao futuro, enguiçado precisando de um socorro que só Jesus pode dar?

Paulo Franco

Decida rápido

A gente aprende todo dia. Aprende com a natureza, com os fatos do dia a dia e com tudo aquilo que se vê ou sente. O nosso corpo nos ensina muitas coisas.
O salmo 139 declara: “Eu te agradeço, visto que por modo assombrosamente maravilhoso me formaste; tu teceste o meu interior; tu me conheces a substancia ainda informe”
Por exercer a profissão de médico, a cada dia descubro que sei muito pouco sobre esse complexo tecnológico perfeito que é o corpo humano.
Então decida rápido: Se alguém está segurando um objeto com a mão e este escapole em direção ao seu pé. O que você faz? Retira o pé ou deixa o pé? A decisão precisa ser rápida. Não teremos tempo suficiente para fazer uma análise detalhada do peso, densidade, poder de atrito do objeto ou se há espinhos ou substancia cortante.
O nosso corpo é realmente maravilhoso. Se quiser falar um pouco sobre o que ele tem de excelente não caberia em milhares de livros. Vou descrever aqui alguns aspectos fantásticos dessa imensa criação de Deus.
Você já percebeu a importância de se ter uma bexiga. Um reservatório final do aparelho urinário. É ótimo ter um reservatório para a urina e de vez em quando o meu corpo mesmo me ajuda a lembrar que já é hora de esvaziar.
Quando vimos alguém em que este aparelho não funciona corretamente sabemos o transtorno que dá e só assim valorizamos o que em nós funciona bem.
Outra sensação interessante do nosso organismo é a fome. Esse forte instinto que nos leva a procurar alimento. A fome no mundo não é um problema e sim a falta de comida ou a não distribuição igualitária de alimentos. Fome é uma sensação fisiológica, ou seja, normal que leva o ser humano a procurar o alimento com objetivo de manter as atividades inerentes a vida. Há algumas doenças que destroem essa função básica de sobrevivência. Imagina uma pessoa que não sente fome. Será necessário instalar uma sonda no estomago e aplicar o alimento em horários marcados como se fosse remédio, pois aquele apito natural do meio dia já não existe mais.
Agora voltando ao objeto que está caindo no seu pé. É impressionante como o nosso corpo tem a capacidade de fazer essas análises de maneira muito rápida. Nós só pensamos em tirar o pé rapidamente para evitar machucá-lo. Entretanto quando o que está caindo é algo de valor e frágil como um relógio, uma planta ou um álbum de retrato, instintivamente, ao invés de retirar o pé nós deixamos o pé e mais ainda, buscamos o melhor posicionamento para amparar o objeto a ser protegido.
Algumas reações do nosso corpo chamamos de medulares, isto é, só vão até a medula e voltam como uma resposta de repulsa. Por exemplo, quando encostamos o braço em uma panela quente imediatamente puxamos o braço e só algum tempo depois é que vamos enxergar de fato o que aconteceu.
No caso do objeto caindo é mais complexa a história pois a informação precisa ser discriminada de maneira muito mais completa e muito bem analisada para que a solução seja rápida e precisa.
Eu aprendo com corpo humano porque muitas vezes eu tomei decisões rápidas quando podia aproveitar mais tempo para analisar com critério e correr menos risco de errar. Quando estamos diante de um objeto a ser comprado, dentro de uma loja, principalmente em um shopping, o sistema quer que eu decida rápido sem mesmo me deixar fazer algumas perguntas fundamentais:
- Eu realmente preciso desse objeto?
- Estou querendo comprar esse objeto só porque outras pessoas já possuem?
- Se eu preciso realmente, tenho dinheiro suficiente para adquirir sem que isso comprometa o sustento básico de minha família?
- O que aconteceria se eu não comprasse o objeto desejado?
- Que lugar esse objeto ou a minha vontade ocupa na minha lista de prioridades?
Hoje, mais do que nunca, na era das vitrines reais ou virtuais, nós somos tentados pela concupiscência dos olhos. Eu também sou assim. Preciso estar atento para que o “mundo” não seja o ditador da minha lista de prioridades.
Paulo Franco.